vencedor
Sangue de mênstruo
Paixão se escreve em folha vermelha de papel de seda selada com lacre.
Paixão te escrevo em língua de fogo pena de flamingo flor de gravatá.
Minha tinta é sumo de morango e amora suco de cereja.
Mas no fim do escrito só sangue me assina sangue de mênstruo fúria de assassina.
Eu Sou uma Mulher
Eu sou uma mulher que sempre achou bonito menstruar. Os homens vertem sangue por doença sangria ou por punhal cravado, rubra urgência a estancar trancar no escuro emaranhado das artérias.
Em nós o sangue aflora como fonte no côncavo do corpo olho-d'água escarlate encharcado cetim que escorre em fio.
Nosso sangue se dá de mão beijada se entrega ao tempo como chuva ou vento.
O sangue masculino tinge as armas e o mar empapa o chão dos campos de batalha respinga nas bandeiras mancha a história.
O nosso vai colhido em brancos panos escorre sobre as coxas benze o leito manso sangrar sem grito que anuncia a ciranda da fêmea.
Eu sou uma mulher que sempre achou bonito menstruar. Pois há um sangue que corre para a Morte.
E o nosso que se entrega para a Lua.
Frutos e Flores
Meu amado me diz que sou como maçã cortada ao meio.
As sementes eu tenho é bem verdade.
E a simetria das curvas.
Tive um certo rubor na pele lisa que não sei se ainda tenho.
Mas se em abril floresce a macieira eu maçã feita e pra lá de madura ainda me desdobro em brancas flores cada vez que sua faca me traspassa.
Preciso...
Preciso que um barco atravesse o mar lá longe para sair dessa cadeira para esquecer esse computador e ter olhos de sal boca de peixe e o vento frio batendo nas escamas.
Preciso que uma proa atravesse a carne cá centro para andar sobre as águas deitar nas ilhas e olhar de longe esse prédio essa sala essa mulher sentada diante do computador que bebe a branca luz eletrônica e pensa no mar.
Ainda Te Levarei
Ainda te levarei
Amor
Para