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Evolução dos hábitos alimentares no Brasil
Maria Djiliah C. A. Souza e Priscilla Primi Hardt
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ábitos alimentares são as formas como os indivíduos ou grupos selecionam, consomem e utilizam os alimentos disponíveis, incluindo os sistemas de produção, armazenamento, elaboração, distribuição e consumo de alimentos1.
De acordo com Oliveira & ThebaudMony12, os perfis da alimentação devem ser analisados sob várias perspectivas, ao mesmo tempo independentes e complementares: a perspectiva econômica, na qual a relação entre a oferta e a demanda, o abastecimento, o preço dos alimentos e a renda das famílias são os principais componentes; a perspectiva nutricional, com enfoque nos constituintes dos alimentos, in32
dispensáveis à saúde e ao bem-estar do indivíduo (proteínas, lipídeos, carboidratos, vitaminas, minerais e fibras), nas carências e nas relações entre dieta e doença; a perspectiva social, voltada para associações entre alimentação e a organização social do trabalho, a diferenciação social do consumo, os ritmos e estilos de vida; e a perspectiva cultural, interessada nos gostos, hábitos, tradições culinárias, representações, práticas, preferências, repulsas, ritos e tabus, isto é, nos aspectos simbólicos da alimentação.
Essas perspectivas reunidas revelam a importância dos fatores econômicos, sociais, nutricionais e culturais na determinação
do tipo de consumo alimentar da população.
No entanto, Arruda1 conclui que, apesar da diversidade dos hábitos alimentares entre diferentes povos, culturas e camadas sociais, em distintos períodos históricos, o valor nutricional da dieta depende fundamentalmente das possibilidades econômicas da família para acesso aos alimentos, sendo o seu principal condicionante, mais do que o perfil qualitativo da alimentação selecionada pela cultura da população.
Oliveira & Thebaud-Mony 12 considera que a maioria dos trabalhos no Brasil privilegia a produção ou o abastecimento e poucos são os