VARIEDADES LINGUÍSTICAS - INTRODUÇÃO
Nós já vimos, na primeira Unidade de estudo dessas aulas sobre Língua, que a gramática normativa considera correta a frase “Os dois rolaram no chão” e incorreta a frase “Os dois rolô no chão”. Mas, se as duas frases dizem a mesma coisa, se qualquer falante da língua portuguesa pode compreendê-las perfeitamente, por que só a primeira é aceita como correta? Que critérios são empregados para definir o que é “certo” ou “errado” na língua?
Os critérios que determinam os padrões de uso, também chamada norma de uma língua vão se estabelecendo ao longo do tempo, principalmente por causa da escola e da mídia. Essas instituições levam os falantes a aceitarem como “certo” o jeito como uma camada da população fala, por causa da privilégio que eles demonstram ter, em termos sociais, financeiros, intelectuais e outros, perante a sociedade. Essa variedade, denominada variedade padrão, normas urbanas de prestígio ou variedade culta é normalmente falada e escrita em situações mais formais de comunicação. Os relatórios científicos, os contratos empresariais, os livros, os discursos políticos, as cartas comerciais, os documentos oficiais, as solicitações de emprego, entre outros, são exemplos de textos elaborados nessa variedade padrão da língua.
Diante disso, fique atento à seguinte questão:
Uma língua oferece a seus usuários diferentes formas de realização, isto é, diferentes “jeitos de falar e escrever”, e, segundo a Linguística, não existe uma forma melhor (mais certa) ou pior (mais errada) de empregar uma língua.
A norma padrão é apensa uma entre as muitas formas de usar a língua. A escolha da norma padrão como “modelo” é arbitrária e convencional; baseia-se em critérios ideológicos (sociais, culturais, políticos e econômicos). Portanto, vale dizer que não existe uma língua única que coincide com a variedade padrão. A língua é apresentada como uma realidade heterogênea, variável e vinculada à realidade social, econômica,