Variação e pedagogia
Os membros de uma nação, ligados por traços socioculturais, econômicos e políticos, tradicionalmente firmados, identificam-se e distinguem-se dos membros de outra pelo seu instrumento de comunicação, além, evidentemente, de outros traços até mais importantes. É falso supor, entretanto, que a diversidade linguística se realiza somente à esquerda e à direita de uma fronteira política. Do mesmo modo que é falso supor que as fronteiras políticas delimitam fronteiras linguísticas. Os limites entre duas línguas não são nítidos, mas graduais. A linguagem humana varia de acordo com o grau de contato entre os seres que constituem a comunidade universal.
O que se convenciona por língua portuguesa, língua espanhola, língua francesa etc., é obviamente o resultado de um grau mínimo de contato cultural entre os povos falantes de cada língua, cuja consequência imediata é a dificuldade de comunicação, a ponto de um indivíduo que fale francês não entender outro que fale português e assim por diante. As diferenças entre os idiomas, que caracterizam e mesmo identificam os nativos de uma nação, estão longe de ser o único e mesmo principal fator de diversidade linguística. Uma língua é um objeto histórico, enquanto saber transmitido, estando, portanto, sujeita às eventualidades próprias de tal tipo de objeto. Isso significa que se transforma no tempo e se diversifica no espaço. Ainda que um saber transmitido por gerações anteriores, sendo uma continuação do que foi em épocas anteriores, é evidente que a etapa presente, por todos conhecida, de uma língua não é de nenhum modo idêntica, mas somente semelhante, a qualquer etapa anterior.
Por outro lado, para ilustrar com um exemplo, as modalidades de língua portuguesa que de aquém e de além mar não são exatamente idênticas, de tal modo que um brasileiro pode perfeitamente identificar um português pelas características específicas do seu modo de falar. Um outro exemplo: sem sair das fronteiras políticas