Varia Es Da L Ngua
A “guerra” das línguas
Uma língua não é apenas um conjunto de sinais neutros trocados entre um emissor e um receptor, como se fossemos apenas “aparelhos” de comunicação de uma mensagem. Na verdade, o conjunto de sinais – conjunto de sons, no caso da fala, ou de letras, no caso da escrita, é apenas um ponto de partida para o que realmente importa e o que realmente significa: a intenção de alguém, daquele que fala ou daquele que escreve.
Quando alguém nos diz, por exemplo, “a casa caiu” um conjunto de sons mais ou menos como “a kaza kaíu”, esses sons só significam uma coisa quando entendemos a intenção de quem fala, isto é o que a pessoa quer nos dizer quando nos diz “a casa caiu”. Pode ser um pedido de socorro, pode ser uma simples informação, pode ser um exagero, pode ser uma casa feita de carta de baralho ou uma mentira... Dependo do contexto da colocação da palavra.
Enfim as palavras só ganham peso e significado no momento em que acontecem. Só então saímos do sinal de “código” para a vida real do significado.
E o ato de falar e escrever revela muito mais do que simplesmente foi dito ou escrito. Por exemplo: pela fala das pessoas podemos saber imediatamente de onde elas são ( Rio de Janeiro, ou da Bahia...), sua idade, grupo social, se frequentaram escola ou não, se leem livros e revistas ou se nunca leram nada, ate mesmo qual a atividade profissional delas. Em geral, estamos sempre avaliando quem nos fala, de um modo que ultrapassa simplesmente o significado estrito das palavras pronunciadas.
Assim, quando alguém nos diz, por exemplo, “nóis vai assisti o jogo agora” recebemos não só a informação de que as pessoas vão assistir a um jogo neste momento, mas também o fato de que a pessoa fala uma variedade da língua portuguesa não padrão e que, provavelmente, não teve oportunidade de frequentar a escola por muito tempo. Porque o nóis por si só, é de largo uso em todas as faixas da população, o corte do r de assistir é praticamente universal no