VANESSSSA

Resenha do artigo científico: Intervenções psicossociais na comunidade: desafios e práticas.
Com ênfase no trecho que discute sobre o fatalismo e ressaltando sobre o trabalho feito na Comunidade da Maré.

O fatalismo
Martin Baró foi um autor que analisou com profundidade esse grande conceito, sendo responsável pela a desmobilização das maiorias populares da realidade latino-americana.
Em suas obras Martín Baró enfatizou a síndrome fatalista como um fenômeno psicossocial intimamente ligado às condições de pobreza e miséria produzidas pelas estruturas sócio-econômicas, em que vivem as maiorias populares na América Latina. Tal fenômeno se configuraria como uma espécie de “dormência” destes latinos frente à realidade desumana em que estão inseridos, e isso resultaria no desenvolvimento de uma certa passividade frente aos fatos sociais.
O fatalismo é uma atitude de aceitação do sujeito frente a este mundo contraditório e desigual. Isso acontece, por exemplo, quando o indivíduo “acostuma-se” com um dia-a-dia violento e pobre. Quando, em condições subumanas de existência, pouco contesta ou não tenta mudar de forma significativa a realidade, não faz planos de melhorias, vive como, segundo Martín Baró declarava numa cotidianidade atemporal.
O fatalismo, portanto é um esquema de idéias , derivadas das estruturas sociopolíticas e se fincam psiquicamente, fazendo com que a multiplicação do domínio social prevaleça, e sempre fazendo emergir a manutenção da ordem estabelecida. É uma valiosa ferramenta ideológica que favorece as classes dominantes, induzindo o sujeito a realidade social , gera comportamentos dóceis e estimula a submissão, ou seja viver à vontade de alguém diante das exigências da vida. A concepção fatalista transforma os acontecimentos sociais em fenômenos naturais cuja alteração é improvável.
Para o fatalista, não adianta rebelar-se ou ressentir-se, a inevitabilidade do destino não deixa espaço para surpresas ou grandes mudanças.