Vandalismo
Após a eclosão das manifestações populares, inúmeros debates surgiram ou voltaram à tona, acerca das mesmas. Talvez o tema mais polêmico seja o “vandalismo” e seu principal debate, o que é vandalismo?
Impossível negar que o número de “desvios sociais” tenha aumentado nas regiões metropolitanas durante os dias de manifestações. Tanto nos locais de manifestações quanto nas adjacências, na qual a população podia contar com a certeira ausência da Polícia Militar, o número de crimes aumentou consideravelmente. Crimes em stritu sensu, porque aqui me refiro tanto àqueles que aproveitaram o aglomerado de manifestantes para saquearem lojas quanto aos que se aproveitaram da ausência da polícia para cobrar dívidas passadas, por exemplo.
Mas essa violência, oportunista e dissidente, de forma alguma se encaixa no contexto do que a mídia tenta enquadrar como “vandalismo”1. Tal violência não é diferente da oriunda dos carnavais e carnavais fora de época, em que muitos políticos concordam por classificá-la como inevitável. Essa violência, em nada de político tem em seu conteúdo. Cultural e/ou social, talvez, no entanto não possui um cunho político e ideológico capaz de enquadrá-la no contexto do nosso atual “vandalismo”.
Voltemos então a pergunta inicial: o que é vandalismo? Certamente é um discurso, no termo foucaultiano da palavra, porém um discurso político revestido na forma de guerrilha urbana, exclusiva do séc. XXI, diga-se de passagem. A mídia elitista, de maneira geral, tentou, e ainda tenta formular o discurso de que vandalismo é o ato isolado de alguns oportunistas, inconsequentes e radicais que querem extrapolar os limites de uma manifestação popular “legítima”2. Mas então, entramos um novo problema: quais são os limites de uma manifestação, ou melhor, quais são os limites dessas manifestações?
Gostaria de advertir ao leitor que as respostas das pergunta às quais aqui proponho a debater não são nem unânimes nem definitivas, todavia são respostas que