VAMOS TOMAR CAFÉ ?
Eis um convite que faz parte do cotidiano brasileiro. Café nos bares, nos lares, nas reuniões oficiais, nos encontros informais, a toda hora entre homens e senhoras: “Toma um café?”
Num desses momentos eu, tomando um deles, café caseiro e creio meio coisa de algum efeito místico fazendo este letreiro. Entre um gole e outro lá vem aos meus ouvidos o doce sotaque nordestino de Gil cantando: Andá com fé eu vou, Que a fé não costuma faia, Que a fé tá na mulher, A fé tá na cobra coral Oh! Oh! Num pedaço de pão...
E ‘andá com fé’ mistura-se com o meu café: com fé e café...andá com fé e café; e a imaginação viaja longe com uma voz oculta, sei lá de onde e de quem, me dizendo então que ‘café’ quer dizer ‘com a fé’.
E outras imagens tomam conta desta misturança, desde o cafézinho da juazeirense Dona Nice até o “Café” pintado com emoções pelo mestre Portinari.
Eis que o café, com suas formas mais diversas de fazer, nos dá receitas do viver. Para sentir o prazer e degustar um estilo ‘de viver cafezeiro’ necessita-se de: semear, cultivar, retirar pragas, colher, separar, secar e ensacar preparando tudo dentro dos conformes e costumes para compartilhar a degustação com o outro. Esta é a primeira etapa do cotidiano vital: antes de degustar temos que cumprir etapas que naturalmente exige trabalho, suor, dedicação, atenção e entre um intervalo e outro lá vem um cafézinho, que em muitos cenários gera papos, trocas de idéias, opiniões e até invenções.
É o poder do café, do ‘andar com fé’!
Mas tem a segunda etapa. É a da preparação do café: o acerto dos os utensílios, o ferver da água, filtrar o pó e deixar pronto para o prazer da degustação. Tudo feito com satisfação e prazer. Esta fase nos ensina sobre o curtir os momentos com trabalho e fé na busca dos resultados sonhados, sejam sonhos grandes ou pequenos, pois a canção de Gilberto Gil fala da presença da fé em diversos pontos: “Num pedaço de pão...A fé tá na maré, Na lâmina de um punhal, Oh! Oh!Na