Valuatino
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O que eu realmente penso sobre Value InvestingPor Marcos Elias
Em 2002, gestor da então Gas Investimentos, decidi que faríamos um exercício envolvendo a equipe de análise que participava do comitê de gestão. Honestamente, eu não me sentia bem com o tipo de argumentação que vigia à época, na defesa dos cases: “compremos tal ação pq negocia a múltiplos descontados”, ou “vale a pena investirmos pq o valor contribuído para constituição da empresa é bastante superior ao valor de mercado”, e até coisa como “o terreno, a fazenda, a planta ou alguns ativos da companhia já superam sua capitalização bursátil”. Estava infeliz porque só me via rodando um mesmo software, o da busca pela pechincha, pelo barato.
Desde 1995 acompanho o mercado americano de equities e sei que lá o algoritmo mental é outro: “earnings and industry outlook” e crescimento. O que via por aqui era o modus operandi dos grandes investidores em bolsa da década de 70 assombrando a molecada da FGV de 22-23 anos: à época, tendo sido nosso mercado de capitais fraquíssimo, ilíquido, uma capa quase que inútil e transparente entre empresa e ação, a velha guarda intuiu que empresa=ação, para esta conjuntura. Estavam certos. Com a inserção do Brasil no mercado de capitais mundial, essa identidade empresa=ação deixou de existir. Com o mínimo de método científico, percebe-se quase que imediatamente que uma ação não é uma empresa: você não pode se apropriar de parte proporcional do caixa, ressarcir-se, decidir se pagará ou não dividendos, trocar seus recursos por ativos, não tem direito de recesso a nenhum valor pré-estabelecido que não seja o valor de mercado. E valor de mercado, e valuation, todos sabemos, é como cabeça de juíz e bunda de nenê: algumas ações negociam a 5.000x lucro, outras a 100x receitas, algumas mais “kosher” são aplaudidas pelo mercado a 50x lucro, há quem não tenha operacional nenhum, e outras, ninguém as quer a 2x Ebitda, como é o caso atual da Brasil Telecom (fama merecida!). A bolsa