VALORES A DERIVA
DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Foto mostra uma garrafa de vidro transparente com uma pessoa dentro à deriva em um mar calmo com céu azul.
Por Carla Codeço
O mundo tem girado rapidamente. Muito mais rapidamente do que jamais girou. A cada mês que se passa parece que estamos correndo numa velocidade ainda maior do que estávamos no mês anterior. Que as mesmas 24 horas são cada vez menos suficientes para conseguimos dar conta das milhares de tarefas que se multiplicam no dia a dia.
E, no melhor estilo “farinha-pouca-meu-pirão-primeiro”, vemos pessoas usando o pouco tempo que têm para cuidar dos seus problemas particulares, olhar para seus próprios umbigos e, na correria, se esquecem da comunidade onde estão inseridos. E olha que não são poucas essas esferas: condomínio, escola, clube, grupo de amigos, família e tantas outras. De repente parece que a falta de tempo é a justificativa na medida para sequer olhar para o lado e ver como seus atos implicam na vida do outro, como a falta de cidadania pode afetar terrivelmente o coletivo maior. Frequentemente vemos pessoas avaliando se vale à pena uma determinada ação em prol do coletivo, através da pergunta: “O que vou ganhar com isso?!”.
Vivemos em um momento de crescente individualismo e, somado a ele uma revisão dos valores tradicionais de nossa sociedade. Se, por um lado, esta revisão é vantajosa para eliminar idiossincrasias antigas, como as diversas formas de preconceito, por outro, outras alterações parecem que jogam fora o bebê junto com a água suja da bacia. Entre estas está a forma de valorização pessoal na sociedade. As pessoas hoje são consideradas mais pelo que têm, pelo que podem produzir, ou até mesmo pelo que postam nas redes sociais, do que pelo seu valor enquanto ser humano. Todo este cenário reflete diretamente na nova geração. As crianças que estão crescendo imersas neste contexto têm frequentemente atitudes individualistas como exemplo de como devem agir. Que adultos estão sendo