Valores que ajudam construir uma sociedade mais humana
Neste século XXI o fenômeno da fome não ocupa tanto os holofotes da mídia e não gera tantas discussões junto à opinião pública do mundo como meados do século passado (ABROMOVAY, 2008). Apesar disto, continua ainda representando um preocupante problema a ser resolvido pela humanidade. Segundo a Organização ActionAidii (2008), o Brasil, por exemplo, ocupa a 9ª posição de país com maior número de pessoas com fome no mundo, com mais de 14 milhões de pessoas consumindo alimentos em qualidade e quantidade insuficientes; com cerca de 37 milhões de pessoas que vivem com menos de dois dólares por dia; onde 45% das crianças com menos de cinco anos sofrem de anemia crônica por falta de ferro na alimentação; e 50 mil crianças nascem todos os anos com algum tipo de comprometimento mental devido à falta de iodo na alimentação. Este trabalho se justifica tendo em vista o grande significado que o fenômeno da fome tem no Brasil. Propomos aqui demonstrar as conseqüências deste fenômeno focalizando que a fome é uma “construção social” e a desnutrição, uma conseqüência fisiológica.
A desnutrição seria a condição necessária da fome, mas não sua condição suficiente, porque, na fome, entrariam em cena fatores sócio-históricos. Nessa conformação, o trabalho divide-se em três partes. Na primeira, será apresentada uma breve digressão a respeito de conceitos e debates teóricos referentes à fome, envolvendo a área fisiológica constituinte a este fenômeno. Em seguida, caracterizamos a fome do ponto de vista social, mostrando os motivos que a tornam um problema sociológico; a guisa de conclusão a última parte revisa toda discussão apresentando alguns pontos relevantes ao exercício acadêmico referente a questões ligadas a fome e suas conseqüências.
1.1. BERIBÉRI
O beribéri é uma doença nutricional causada pela falta de vitamina B1 (tiamina) no organismo, resultando em fraqueza muscular, problemas gastro-intestinais e dificuldades respiratórias.