Vaidosa Cesário Verde
Dizem que tu és pura como um lírio
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.
Contam que tens um modo altivo e sério,
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.
Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração, como as estátuas.
E narram o cruel martirológio
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.
Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loura e dourada como as messes
E possuis muito amor... muito amor-próprio.
Este poema apresenta quatro estrofes com quatro versos – quadras. As quadras apresentam rima interpolada, sendo o esquema rimático abba.
A penúltima estrofe tem 3 versos – terceto sendo que o primeiro verso é um verso solto e os dois últimos apresentam rima.
A ultima estrofe é composta por um único verso, sendo este um verso solto.
- “Vaidosa” - Poema representativo da mulher citadina - A mulher arrasta para a morte
Subjectividade do tempo e a morte: cidade = certeza para a morte
A mulher fatal/ mulher citadina, altiva, aristocrática, “frígida” que atrai/fascina o sujeito poético, provocando-lhe o desejo de humilhação. É o tipo citadino artificial, surge portanto associada à cidade servindo para retratar os valores decadentes e a violência social. Esta mulher surge na poesia de Cesário incorporando um valor erótico que simultaneamente desperta o desejo e arrasta para a morte conduzindo a um erotismo da humilhação (Esplêndida, Vaidosa, Frígida).
Caracterização: “aromática e normal”; “tipo tão nobre”; “ar pensativo e senhoril”; “a sua voz tem um timbre de oiro”; “nevado e lúcido perfil”…
A representação do