vai tomando
Marcelo Gleiser – Pois é... Eu, por exemplo, tenho 150 anos, mas ninguém sabe disso (risos...). A preocupação com os seres humanos está sempre em torno do início e do fim. E em relação à questão do fim está obviamente o tema do fim da vida humana e a manipulação do tempo. Nos últimos 150 anos a expectativa de vida dobrou. Há 100 anos as pessoas viviam 35, 40 anos em média. E este é um avanço sensacional da medicina e da biologia, que levanta uma porção de outras questões sociais e políticas. Mas não há dúvidas de que, quanto mais aprendemos sobre o universo e sobre nós mesmos, mais autônomos ficamos. E devemos nos perguntar até que ponto podemos ir. Por exemplo, uma das grandes aflições humanas é a mortalidade. Será que a mortalidade é inevitável? Ou será que pode ser controlável por meio da ciência? Há uma porção de pessoas estudando sobre o processo de envelhecimento, o que acontece com nosso corpo, no funcionamento das células, de forma que, de repente, as coisas comecem a mudar e é uma mudança irreversível. Ou não? Ao conhecermos os mecanismos de envelhecimento celular, veremos que, aparentemente, ele tem a ver com os cromossomas, com a parte genética da célula, e parece que um dos pedaços destes cromossomas vai se desgastando com o tempo. E a partir deste desgaste as células não se rejuvenescem da maneira como poderiam. E se conseguíssemos controlar este desgaste, será que daria para manter uma idade constante? Tem muita gente que aposta nisso.
Existência eterna virtual
Há outros cenários, mais “loucos” ainda. Por exemplo, hoje estamos na era da informação. Tudo é informação, até o código genético. Podemos usar cromossomas para armazenar um livro. Se nós somos informação, será que podemos armazenar a “nossa” informação em uma espécie de disco? Será que poderíamos