VAI TER OLÍMPIADA
Por Paulo Mileno em 12/08/2014 na edição 811 ( Observatório da Imprensa)
A seleção canarinho não foi tão bem como gostaríamos, mas, a Copa do Mundo foi bem melhor do que se esperava. Os gringos tomaram de assalto o país e as tradicionais rivalidades se limitaram nas quatro linhas dos gramados. A cobertura da “Copa das Copas” foi a primeira em full HD. Tivemos plano fechado nos rostos dos jogadores, chegando ao close caso descessem algumas lágrimas, e houve também uma panorâmica das arquibancadas, quando, em plenos pulmões, a torcida entoava o hino brasileiro. Aliás, a tradução dos hinos de todos os povos confluindo em harmonia, paz e fraternidade manteve vivo o espírito esportivo ao convidar à se juntar todas as nações em prol da beleza e da festa.
O “Não Vai Ter Copa!”, obviamente, não significava um boicote por parte do próprio povo anfitrião da Copa do Mundo. O futebol é paixão nacional e o povo brasileiro é reconhecido internacionalmente por sua hospitalidade. O “Não Vai Ter Copa!”, digamos, em outras palavras foi expressão de um sentimento por mudanças na esfera política de representação que atenda as necessidades da população. Com a escolha do Brasil e do Rio de Janeiro, respectivamente, como estado-palco dos grandes eventos, entrou em curso um processo de limpeza social e maquiagem urbana nos arredores dos locais das competições e o serviço público que mais recebeu investimento desde os Jogos Pan-Americanos foi a segurança. O significado da expressão “para inglês ver” foi entendido pelos gringos mochileiros que dormiram em acampamentos, ao exemplo do Terreirão do Samba.
Em O Brasil na terra do Misha, documentário de Silvio Tendler, vemos que os boicotes na história do esporte, tendo as Olimpíadas como referência, se trataram de uma maneira patriótica de expressar uma visão de mundo. Em 1976, os países africanos boicotaram as Olimpíadas de Montreal, no Canadá, por causa do apartheid. Em 1980, os EUA lideraram o boicote para os jogos