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6226 palavras 25 páginas
Perenidade da Aretê como horizonte apelativo da Paideia.
Sobre a excelência em educação1

Manuel Ferreira Patrício

Reitor da Universidade de Évora
Portugal

1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
SOBRE A EXCELÊNCIA
Excelente é o que é bom. É o que é muito bom. É o que é tão bom que não pode ser melhor. Ser melhor seria exceder o potencial de ser daquilo que é o sujeito da excelência. Excelente é, pois, o sumamente bom na ordem de ser de determinada coisa: coisa, ou pessoa, ou acção, pensamento, sentimento, desejo ou vontade.
Por isso se pode dizer, com inteiro acerto, que excelente é o perfeito, o distinto, o magnífico.
É, pois, a excelência a qualidade do que é excelente, perfeito, sumo no seu ser.
A origem dos dois termos está no latim: excellere para excelente, significando “ser superior a”; excellentia para excelência, significando “grandeza”, “elevação”,
“superioridade”.
A ideia de “ser superior a” implica a comparação de uma entidade com outra. A comparação implica, ela própria, a excelência na pureza da sua ideia. Nesta, a excelência de uma entidade é a coincidência plena dessa entidade consigo própria. Mas há, evidentemente, a excelência em si. É com ela que a excelência de toda a entidade é comparada, por ela aferida.
Há, pois, entidades mais excelentes do que outras. A raiz da excelência é de natureza ontológica. A excelência define-se pelo ser, não pelo ter.

Excelente é o que é de óptima qualidade, de tal modo que não pode ser de melhor qualidade do que é. Neste sentido, excelente é o que alcançou a excelência, coincidindo o que está a ser com o que é na sua essência e potencial de ser. O que há é potenciais de ser, e portanto de excelência, muito diferentes. Esta ideia de “qualidade” encontramos nós em
Aristóteles, nas Categorias. A “qualidade” é uma categoria. Como é que o Estagirita a define? Assim: a qualidade é a propriedade em virtude da qual se pode dizer de uma coisa que ela é tal e qual. Tratase, como se vê, de uma definição ontológica. Se se fala da

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