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Artigo de revisão
Aspectos neuropsicológicos da depressão
Marcia Rozenthal*
Jerson Laks**
Eliasz Engelhardt***
INTRODUÇÃO
O aporte de técnicas mais modernas de exames para investigação do sistema nervoso central (SNC) vem influenciando de forma contundente a psiquiatria de uma maneira geral.
Cada vez mais os estudos científicos desenvolvidos nesta área vêm considerando, além dos aspectos mentais propriamente ditos
(como na psicologia cognitiva), seus substratos neuroanatômicos e neurofuncionais (neuropsicologia, neurobiologia) 1-4 . Desta forma, a psiquiatria pode ser inserida dentro do vasto campo das neurociências cognitivas, beneficiando-se de modelos que explicam as disfunções cognitivas com base no conhecimento da relação normal cérebro/ mente2,5. * Doutora em Psiquiatria e Saúde Mental (IPUB/UFRJ) e Coordenadora do
Programa de Esquizofrenia e Cognição (IPUB/UFRJ).
** Coordenador do Centro de Doença de Alzheimer e Outros Transtornos
Mentais na Velhice do Instituto de Psiquiatria da UFRJ e Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da UERJ.
*** Coordenador do Setor de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do
Instituto de Neurologia Deolindo Couto da UFRJ.
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A neuropsicologia, que pode ser definida como uma ciência aplicada que visa estudar a repercussão de disfunções cerebrais sobre o comportamento e a cognição 6, vem atualmente ganhando importante lugar no estudo das desordens psiquiátricas. A partir de testes, ela não só fornece informações quanto ao potencial cognitivo global de um paciente, mas principalmente procura qualificar a natureza funcional dos déficits observados através da análise comparativa e qualitativa dos resultados obtidos, permitindo uma correlação anatomofuncional refinada. Assim, a neuropsicologia enriquece o diagnóstico clínico e ainda permite correlações com as informações advindas de outros exames complementares, que aferem atividade