Utopia e sonho Gandhi King e Mandela
“A esperança dos pobres está viva”, mas não são poucos os que, ao lado dos que esperam contra toda esperança, são portadores de uma crise de esperança. Trata-se das vítimas do ‘pensamento único’, dos falsos profetas do ‘fim da história’ ou dos pragmatistas epseudo-realistas que tentam impedir todo excesso do real. O mercado total, cujo fruto esquálido é o ‘darwinismo social’ que condena à imprescindência dois terços da humanidade órfãos do atual processo de globalização, tem trabalhado, fazendo hora-extra, para obstruir a fantasia, a liberdade de esperar e de sonhar acordado.
Entretanto, é próprio do ser humano esperar, em especial os pobres, por mais alquebrados que estejam sob peso do atual pragmatismo do cotidiano. Pode-se tirar a liberdade de falar, mas jamais a de pensar; e, como segundo E. Bloch “pensar é transcender” , ninguém pode tirar a liberdade de esperar. O imaginário pertence também ao real, à sua melhor parte , pois não somos nós que carregamos sonhos, são os sonhos que nos carregam.
Também hoje, como sempre, há ‘brasas sob cinzas’. Mantém-se a esperança, sobretudo na teimosia dos excluídos que insistem em contrapor à aridez da alma a fertilidade do deserto. A esperança acena para um futuro vislumbrado como plenitude; e, o futuro no presente, é a utopia. Sem a utopia a esperança é uma virtude vazia. É a utopia a topia da esperança. A esperança é o alimento da utopia e, esta, sua mediação histórica. Entretanto, em tempos de crise dos metarrelatos e das ideologias, também somos vítimas de uma crise das utopias, vistas pouco menos que mitos alienantes ou quimeras futuristas. O atual ‘vazio de sujeito’ e a falta de perspectivas para um futuro imediato têm contribuído para a resignação de muitos à ditadura do presente. Estaria, então, a esperança dos pobres, hoje, órfã de utopia Morreu a utopia ou morreram