O utilitarismo é uma teoria ética que propõe que atos e intenções não são bons ou ruins em si, mas sim à medida que produzem consequências de valor (utilidade) positivo ou negativo, segundo algum critério de avaliação. Na sua versão original, o utilitarismo clássico, atos são avaliados segundo a diferença na quantidade de felicidade ou sofrimento que produzem no mundo, de maneira que a melhor forma de agir é a que produzir melhores consequências neste sentido. Assim, atos como ajudar, amar, roubar e matar não são sempre bons ou ruins, serão bons quando causarem boas consequências (gerando felicidade e/ou evitando sofrimento) e ruins quando causarem o contrário. Deve-se, portanto, agir da maneira que provocará mais felicidade e menor sofrimento, todas as outras formas deixam de produzir bens ou provocam males desnecessariamente. O utilitarismo é, então, uma forma de consequencialismo, ou seja, ele avalia uma ação (ou regra) unicamente em função de suas consequências. Filosoficamente, pode-se resumir a doutrina utilitarista pela frase: “Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar” (princípio do bem-estar máximo). Trata-se então de uma moral eudemonista, mas que, ao contrário do egoísmo, insiste no fato de que devemos considerar o bem-estar de todos e não o de uma única pessoa. A teoria utilitarista foi originalmente proposta pelo filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham (1748–1832) no seu livro “An Introduction to the Principles of Morals and Legislation” em 1789, o ano da revolução francesa e seguinte ao ano da publicação da Crítica da Razão Prática, na qual Immanuel Kant (1724–1804) publicou sua teoria ética. Bentham sugeriu uma forma de quantificar a utilidade em sete critérios: intensidade, duração, certeza, proximidade, fecundidade, pureza e extensão. Bentham criou, na primeira metade do século XIX, o termo utilitarian, como uma designação do conteúdo central de sua doutrina. Contudo, foi Stuart Mill quem, pela primeira vez,