uso do ade por fisiculturistas amadores
RESUMO
O doping no mundo esportivo e na subcultura de atletas profissionais e recreativos de culturismo já é muito conhecido e estudado pela comunidade acadêmica e científica. Porém, uma nova problemática, que definida como dopping de volume, inseriu-se há algumas décadas no mundo todo, e tem crescido em importância no Brasil nos últimos anos. Trata-se de injeções sistemáticas de substâncias oleosas por via intramuscular, conhecidas como ADE com intuito de aumentar o volume, podendo levar a necroses, deformidades físicas ou até mesmo ao óbito. Apresentamos a história do uso cosmético dos preenchedores corporais e revisamos os possíveis efeitos clínicos que podem resultar do seu abuso, assim como os mecanismos envolvidos na evolução clínica da aplicação destas substâncias. Além disto, apresentamos métodos simples para observação potencial do uso.
Palavras-chave: mutilações, óleos ADE, medicamentos à base de vitaminas e minerais, sequelas doping no esporte.
INTRODUÇÃO
Existe uma tendência, originária da subcultura dos atletas de culturismo, que está se inserindo entre praticantes de musculação não competitiva. Esta tendência é a prática sistemática de injetar por via intramuscular o multivitamínico conhecido como ADE, com o intuito de aumentar em determinadas áreas o volume da massa muscular. Este nome é utilizado de forma genérica por seus usuários para se referirem aos medicamentos veterinários, que contém vitaminas lipossolúveis A,D, E em veículo oleoso. Os nomes comerciais de tais medicamentos encontrados em agropecuárias são o Monovin-E (Laboratório Bravet) que é um concentrado oleoso de vitamina E; ADE (Laboratório Labovet); ADE (Laboratório Hertape Calier), ADE Thor (Laboratório Tortuga) que são concentrados oleosos das vitaminas A, D e E, entre outras marcas.
Estes medicamentos, ao serem injetados em músculos de seres humanos nas quantidades muito superiores às doses