Uso da vírgula

I. Vírgula: sabendo usar não vai faltar! colunas Vírgula: sabendo usar não vai faltar!
Bia Mendes* - 12 de Julho de 2005, 13:08
Nas aulas e encontros em que falo da língua portuguesa, costumo começar com duas afirmações sobre vírgula. A primeira é uma brincadeira com fundo de verdade: acredito que Deus nos dá um saquinhode vírgulas quando nascemos. Por isso, precisamos saber onde e como usá-las para não desperdiçar nossa cota e chegar ao fim da vida pedindo vírgulas emprestadas por aí. A segunda, uma verdade com fundo de brincadeira: a pontuação em língua portuguesa obedece a critérios sintáticos e não prosódicos. Ou seja: não se pode usar vírgula de ouvido. A vírgula deve ser usada para indicar falta ou quebra de ligação sintática em uma frase. Não se separam elementos sintaticamente ligados. Daí, a primeira e imutável regra: NUNCA se usa vírgula entre sujeito e verbo; nem entre verbo e objeto.Regra número 2: se os elementos de uma oração mantêm a ordem natural da estrutura, não se usa vírgula: SUJEITO - VERBO - OBJETO - ADJUNTOS ADVERBIAIS (tempo, lugar, modo).
Nem sempre, porém, essa ordem é seguida recurso usado para quebrar a monotonia do texto. E, com os elementos trocando de lugar, vem a necessidade da vírgula. Ela existe para trazer clareza de entendimento para o texto, para o leitor. É um sinalzinho pequeno, mas que com o uso indevido pode fazer grandes estragos.
A coluna de hoje a primeira de uma série vai tratar de três casos de vírgula: nas intercalações, depois de "mas" e no vocativo. 1. Nas intercalações:
Uma intercalação é um encaixe na oração. Se é um encaixe, é uma interrupção da ordem natural. Portanto, deve vir entre vírgulas:
Amanhã, que fique claro, paro de fumar.
A culpada, veja só, era uma garotinha.
A candidata, apesar da dedicação, foi reprovada. 2. Depois de "mas":
Não se usa nunca vírgula depois da conjunção adversativa "mas":
Mas eu não tinha a intenção de fugir...
Mas você não é quem eu imaginava...
Mas a