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Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco. Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobeme à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roêlos,
E háde deixarme apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos http://pensador.uol.com.br/autor/augusto_dos_anjos/
Augusto dos Anjos foi um poeta brasileiro prémodernista que viveu de 1884 a 1914. Sua obra “Eu e
Outras Poesias”, foi publicada dois anos antes de sua morte.
Suas poesias trazem marcantes sentimentos de pessimismo e desânimo, além de inclinação para a morte. Com relação à estrutura, podese dizer que suas poesias apresentam rigor na forma e rico conteúdo metafórico.
Morreu ainda jovem (em 1914) devido a uma enfermidade pulmonar, deixando para trás suas carreiras de promotor público (formouse em
Direito em 1906) e de professor, além de sua única e marcante obra.
http://www.suapesquisa.com/pesquisa/augusto_anjos.htm
Análise
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1ª estrofe:
"Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco." O personagem retratado no poema é o próprio eu lírico. No primeiro verso, Augusto dos Anjos faz referência ao carbono e ao amoníaco, sendo os dois compostos da atmosfera primitiva que pode ser representada pelo vulcão, que tem em sua composição CO2, NH3 e H20. O carbono também é abundante no corpo humano, o que demonstra a intenção do autor em dizer que é