Uma visão crítica do novo acordo ortográfico
O presente paper tem como objetivo demonstrar algumas das concepções do acordo ortográfico a partir do livro Rio Babel: a História das línguas na Amazônia, de José Ribamar Bessa Freire, onde este apresenta um estudo acerca das línguas indígenas da Amazônia colonizada, sendo este trabalho desenvolvido a partir destas visões.
As mudanças ortográficas já ocorrem em nosso país desde muito tempo, todavia, somente com este último acordo, o ocorrido tornou-se foco de discussões tanto daqueles que conhecem como dos falantes do sistema linguístico em questão.
Ao tomarmos como ponto de partida os estudos realizados por Bessa Freire na Amazônia portuguesa, perceberemos que o novo acordo seria mais um fato de todo aquele movimento de mudanças lingüísticas ocorrido na Amazônia colonizada, pois, a todo custo, os portugueses fizeram sua língua vernácula perdurar e perpetuar em territórios amazônicos.
“Soberbo Tejo, nem padrão ao menos ficará de tua glória? Nem herdeiro de teu renome? – Sim, recebe-o, guarda-o, generoso Amazonas, o legado de honra, de fama e brio: não se acabe a língua; o nome português na Terra.” (Almeida Garrett, (1825) apud Freire)
O poeta Almeida Garret já manifestava a preocupação com o futuro de sua língua mãe em terras amazônicas, pois aqui reinava uma torre de Babel, fazendo alusão ao ocorrido na Bíblia quando todos começaram a falar várias línguas, impossibilitando o entendimento entre eles; assim o era na Amazônia daquela época: muitas línguas indígenas, uma língua geral para os povos comunicar-se entre si; e a língua portuguesa servia apenas para estabelecer comunicação com a metrópole. Freire afirma que no momento em que Camões morria, no século XVI, não havia um único falante de português na Amazônia, mas eram faladas cerca de 700 línguas indígenas. Desse modo, o herdeiro citado por Almeida Garret não necessitava do bem europeu (a língua portuguesa), pois possuía patrimônio tão valoroso quanto ele,