Uma revisão histórica e filosófica do amor
No livro Pequeno tratado das grandes virtudes,o filósofo contemporâneo francês André Comte-Sponville descreve o que seriam as três espécies de amor.Sua teoria, entretanto, é uma revisão das diversas idéias sobre o amor que perpassaram a Filosofia ocidental.Para ele, o amor pode se manifestar em uma dessas formas,embora elas possam se mesclar umas com a outras: Eros ,Philia e Ágape.
Eros é o amor que brota do desejo, da falta, da carência e está por isso filiado à idéia de Platão.O amor está sempre procurando se preencher,está em uma busca apaixonada pelo outro, querendo fundir-se em uma só pessoa.Esse amor, que tem um caráter fortemente passional, projeta-se como um desejo de integrar-se, unir-se, tomar posse do outro.É arrebatado,compulsivo e perturbador, porque pode nos tirar do eixo da racionalidade.De qualquer forma, é um amor que sofre, que se desespera, que está sempre carente.Mas quando Eros consegue o objeto almejado, ele perde a força, esvai-se de sua intensidade.Podem advir até o desinteresse e o tédio.Por isso, Eros é sempre insatisfeito e nunca se contenta.Para que o amor dure, deve se transformar em Philia, como veremos.
Philia vem do grego e quer dizer, literalmente, amizade.Mas esse amor é mais do que amizade entre amigos.É um amor mais alegre, mais companheiro;não é amor de falta, de carência, de sofrimento.Esse é o amor que fica,quando fica, quando a paixão acaba entre os casais (embora possam se manter traços apaixonados permanentes em uma relação).Se uma relação amorosa não tem amizade — o que significa cumplicidade, um estar ao lado, um respeito mútuo, um estar perto, com mais espaço de liberdade (que às vezes a paixão nem permite, nem quer, porque é próprio de Eros o desejo de possuir)—, ela não se mantém.
O amor como Philia é compromisso a longo prazo, é a capacidade de assumir responsabilidades em relação ao outro que podem envolver a doação de si e a superação do egoísmo.A relação sexual