Uma ratazana de porão
E SUA CARTOGRAFIA DO TEATRO AO ALCANCE DO TATO.
De WLAD LIMA
Doutora em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia.
Atriz, diretora e professora-pesquisadora da Escola de Teatro e Dança da UFPA
(ETDUFPA).
gordawlad@yahoo.com.br
Minha história com porão começa no ano de 1988.
Este foi o primeiro ano das relações artísticas entre o ator e diretor paraense Cacá Carvalho e os criadores do
Centro per la Sperimentazione e la Ricerca Teatrale de
Pontedera, região da Toscana, Itália. Em função disso, dessas relações, os “italianos” começaram, não apenas a vir conhecer a região norte do Brasil – mais especificamente Belém, a cidade natal de Cacá – mas a trazer suas produções teatrais, resultados de suas experimentações e pesquisas de cena. Do Centro de
Pontedera – hoje Fondazione de Pontedera de Teatro, dirigida por Roberto Bacci, o grande intercessor1 de
Cacá Carvalho2 – o primeiro trabalho a chegar a Belém
1
Conceito Deleuziano.
Esta e outras questões estão em discussão no livro Dramaturgia Pessoal do Ator que disserta sobre o processo de criação do espetáculo Hamlet: um Extrato de Nós, dirigido por Cacá Carvalho e montado pelo Grupo Cuíra do Pará, com atores paraenses e suas dramaturgias pessoais.
2
foi o espetáculo “K. l’ultima ora di Franz Kafka” com direção e interpretação do artista francês François
Kahn3, que eu assisti na sala de ensaio do Teatro
Experimental do Pará Waldemar Henrique4, no ano de
1989.
Algum tempo depois – confesso que não sei dizer ao certo, se dias ou meses – além do espetáculo citado,
François fez uma única apresentação de um segundo espetáculo baseado também em Kafka, precisamente sobre o texto Josefina, a cantora. O lugar escolhido por ele para a “vivência” do trabalho, tão singular e inusitado para mim, até aquele momento, foi o porão do Teatro da
Paz, um dos grandes palcos “à italiana” da região norte.
Um porão mínimo, independente do fosso deste teatro, e
nunca