Uma leitura por fora do texto em as visitas do dr. valdez, de joao paulo borges coelho
Por Rosania da Silva 1. Uma leitura à volta do texto
Numa primeira leitura, As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho, surpreende-nos com a subtileza das imagens e situações criadas pelo autor, despertando no leitor o interesse e a curiosidade em aprofundar mais esta leitura.
Ao acompanhar de forma mais atenta a trajectória de João Paulo Borges Coelho, verifica-se também o facto de o mesmo, por mais de uma vez, ter tido suas obras premiadas, o que acontece no caso específico dos romances As visitas do Dr. Valdez e O Olho de Hertzog. Esta situação leva a que um leitor curioso se interrogue sobre as razões de este autor ser “um autor premiável”, ou seja, o que é que faz com que uma obra seja premiada? O que leva um júri a, num universo de dezenas ou centenas de narrativas, escolher por unanimidade um determinado romance? O que determina essa escolha para a premiação: O discurso? A história? A complexidade e riqueza das personagens? Ou tudo isto combinado?
Neste artigo vamos procurar reflectir sobre este aspecto, incidindo o foco da abordagem essencialmente sobre o romance As visitas do Dr. Valdez. Embora muito já tenha sido dito e muitas análises tenham sido feitas sobre esta obra, acredita-se que há ainda espaço para uma reflexão sobre as razões da premiação deste romance. Por outro lado, interessa-nos também reflectir sobre o facto de João Paulo Borges Coelho ter despontado na literatura moçambicana no ano de 2003 e desde então tem recebido prémios como o Prémio José Craveirinha 2005 e 2006 (As visitas do Dr. Valdez, 2005), Crónica da Rua 513.2, (2006); Prémio Leya 2009 e Prémio BCI de Literatura 2010 ( O Olho de Hertzog, 2009).
Sem grandes inovações no campo da linguagem e da narrativa e sem utilizar os modernismos presentes em outros autores da literatura moçambicana, João Paulo Borges Coelho tem marcado de forma regular e definitiva o seu