Uma justa homenagem às mães
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Quem são os que levam em conta certos fatos vividos, os quais, por serem os mais gratos à vida, deveriam permanecer perenemente frescos em sua memória? Muito poucos; a maioria esquece com demasiada frequência os momentos em que experimenta uma verdadeira felicidade. O instante em que, com a melhor disposição de ânimo, se presta ajuda a um semelhante, como aquele em que, ao contrário, se é ajudado, comovem profundamente o espírito.
Muitos e variados são os casos em que, como consequência do esquecimento, o homem se priva de desfrutar momentos de felicidade, possíveis ainda pela simples revivência mental. Daí que tantos, no afã de se proporcionarem esses momentos de felicidade, busquem sua obtenção por diferentes caminhos, enquanto por negligência ou ignorância deixam de criar o vínculo que lhes permitiria alcançá-los. Esse vínculo não seria outro senão aquele que provém de um fato que, por sua própria natureza, leva a experimentar a realidade de um instante feliz.
Quando o homem chega a adquirir certo grau de consciência e valoriza a força dessa verdade inabalável, sente que sua própria vida se deve, em grande parte, à gratidão. Ela é, traduzida à linguagem impronunciável, uma oferenda íntima e, ao mesmo tempo, a exaltação de uma recordação que mantém vivo, com a própria vida, o instante em que o ser experimenta tão grata felicidade. Se cada um buscasse dentro de si a recordação das horas felizes e de tudo que foi motivo de ventura, muito seguramente encontraria mais de uma razão para deleitar o espírito nessa revivência de imagens queridas. Como não guardar gratidão a quem cooperou para tornar mais fácil e feliz o transcorrer de nossos dias?
Para o bem recebido, provenha este de nossos semelhantes, de animais ou de coisas que rodearam ou rodeiam nossa existência, devemos guardar uma consciente gratidão. Com ela conseguiremos destruir a falsa gratidão, aquela que é tão comum