Uma desconstrução indianista em: "mad maria"
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Alinete de Jesus Rodrigues**
Ele não tinha mais maloca, não tinha casa, nem pai, nem mãe, nem irmãos ou parentes. Tudo o que ele tinha era fome, muita fome. (Marcio Souza. 2005 p. 86).
Linda Hutcheon vê a forma mais característica de literatura pós-moderna como metaficção historiográfica (HUTCHEON, 1991) e com esse conceito ela designa obras de ficção que refletem conscientemente sobre a sua condição de ficção, acentuando a figura do autor e o ato de escrever. Para Hutcheon, a característica principal destes textos é a de expor a ficcionalidade da própria história. Ao analisar o fenômeno do “pós-modernismo” na literatura, Linda Hutcheon afirma verificar-se neste tipo de obra o desejo de conseguir compreender a cultura presente como produto daquela produzida no passado.
O pós-modernismo literário, ao aceitar o desafio da tradição e a representação da história, transforma-se, nas palavras da autora, em história da representação, comentada com ironia, graças ao inteligente uso da paródia. Os romances, então, representariam um retorno crítico à história, através da metaficção historiográfica ou da intertextualidade paródica.
Assim são os romances pós-modernos, como é o caso de Mad Maria, do romancista Márcio Souza, que conta, os infortúnios dos homens que trabalharam na etapa final da construção da ferrovia Madeira Mamoré. É por meio do revisionismo e de documentos da historiografia que Marcio reelabora o discurso da história, através da ficção.
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*Ensaio apresentado ao prof. Dr Vitor Hugo Fernandes Martins, do componente curricular Estudo da ficção Contemporânea Brasileira, do curso de letras da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus XXI, Ipiaú, como requisito para complementação de nota.
**Acadêmica do 5º Semestre vespertino.
Em Mad Maria Marcio Souza conta