Uma abordagem psicológica da violência conjugal no Brasil
A sociedade brasileira se constituiu com base num modelo patriarcal, que confere ao homem inúmeros privilégios, vindo a mulher a ocupar o papel de subordinada. Desde a época colonial, ao homem era dado um grande poder, lhe cabendo como chefe de família, zelar para que nenhum dos seus membros perturbasse a ordem publica, sendo legitimado o uso da agressão por parte do homem sempre que este achasse necessário. Assim violência domestica acaba sendo legitimada e acobertada pela sociedade patriarcal e corporativista, sendo fruto de um longo processo histórico que se iniciou com a formação do estado brasileiro e que continua a condenar parcelas da população como mulheres e crianças ao descaso, a sub-cidadania e privando-as de mecanismos de proteção social.
Neste contexto os conflitos envolvendo violência domestica podem ser compreendidos através da forma como se deu organização social, sendo que o homem aprendeu o que é masculinidade dentro de um contexto que sempre atribuiu a ele adjetivos como conquistador e agressivo, sendo complacente e estimulando as manifestações de tais características. Tal suporte inseriu nele a crença de que ele é superior, necessitando demonstrar seu poder a qualquer custo. O grave é que os homens conseguiram naturalizar essa dominação e introjeta-la nas mulheres a ponto de muitas aceitarem a situação como normal.
Durante séculos o que definimos hoje como casal não existia, porque na sociedade tradicional o matrimonio representava o encontro entre duas pessoas que se casavam para ter filhos e produzir uma família dentro da sociedade. A categoria de gênero homem e mulher e construída socialmente e portanto esta sujeita a uma serie de desigualdades onde a cada um dos gêneros são impostos papeis e modelos de conduta diferentes.
De acordo com o pensamento de Foucault, durante séculos o homem fez uso do poder que a sociedade patriarcal lhe outorgou com o objetivo de disciplinar e