Uma abordagem hermenêutica
por Raquel dos Santos Funari
Raquel dos Santos Funari[1]
Mestranda em História pela UNICAMP
Pesquisadora do NEE/UNICAMP.
A História constitui um dentre uma série de discursos sobre o mundo e a sociedade, cujo objeto pretendido de investigação é o passado. Um mesmo objeto de pesquisa pode ser interpretado de maneiras diversas, com diferentes leituras do passado. A História é um discurso em constante transformação construído pelos historiadores. Isto é particularmente importante se considerarmos que quem controla o presente controla o passado e quem controla o passado controla o futuro. O que se escreve e se ensina sobre o passado, assim, está ligado à realidade dos dias de hoje. A História é, também, a maneira pela qual as pessoas, em parte ao menos, formam suas identidades. A História é interpretação, obra de historiadores, como são os livros didáticos e de apoio didático de História[3]. Os gregos e a mitificação do Nilo O Egito sempre chamou a atenção de diferentes povos por sua paisagem singular, sua fauna e flora surpreendentes e por seus impressionantes monumentos. Apesar dos contatos do Egito com o Mediterrâneo Oriental ser milenar[i], foram os gregos que iniciaram o processo de mitificação do Egito[ii]. Por volta de 450 a.C. o historiador grego Heródoto se dirigiu ao Delta do Rio Nilo para recolher material que utilizaria em seu livro Histórias, em que procurava explicar a luta de gregos e persas remontando aos costumes e tradições dos povos orientais, com destaque para o Egito. Os gregos se surpreenderam com o regime das cheias do Nilo, com o sistema de escrita, que acreditaram ocultar verdades sagradas – por isso o nome hieróglifos, do grego hiero, sagrado e glifos, escrita – e com seus ritos funerários, que contribuíram para despertar assombro e admiração. Heródoto ficou impressionado com a cheia do Nilo e com a sua importância para a agricultura egípcia. Em de seus textos mais conhecidos sobre o