Um Quarto Escuro Um Domingo Chuvoso
Sentia seu peito subir e descer a cada respiração, e se prestasse bastante atenção eu conseguiria sentir seu coração batendo contra o meu. Estranhamente sincronizado. O calor de seu corpo irradiava para o meu, me mantendo aquecido mesmo naquele domingo chuvoso e frio. Não que eu não goste de chuva, afinal, aprecio a beleza das pequenas coisas, das demonstrações de poder da mãe-natureza. O céu agora não estava mais claro, o Sol já se deitava no horizonte, tingindo-o com uma coloração levemente alaranjada. Mas ele não percebia isso pois ainda estava concentrado no jogo. “Agora é questão de honra”, ele sussurrava ameaçadoramente. E eu sentia vontade de rir, tamanha a sua criancice. Mas contentava-me em sorrir, escondendo meu rosto no seu peito. “Consigo ver seu sorriso daqui! Pare de me zoar”, respondia ele sorrindo de forma jocosa. Eu o mandava então calar a boca. Ele sorria mais ainda.
A Lua já ia alta no céu, agora escuro. Algumas estrelas apareciam aqui e ali. Ele me abraçava tão forte que algumas vezes pensava que iria ficar sem ar.
- Você está com fome? – sussurrou no meu ouvido. A voz dele, mesmo depois de tanto tempo, ainda me fazia arrepiar.
- Eu sempre estou com fome – disse, rindo
Ele levantou e fiquei observando-o cruzar o quarto, vestindo somente uma