Um passado ainda presente
Por Claudia Sampaio
A colônia palestina residente em Campo Grande é composta por aproximadamente 200 famílias. O “território” palestino na Capital é localizado na Avenida Calógeras, entre as ruas Maracajú e Barão do Rio Branco, onde os migrantes e seus descendentes se dedicam ao comércio, principalmente de roupas e calçados. Todos acompanham indignados e preocupados o Ataque de Israel a Faixa de Gaza, região ocupada por cerca de 1,4 milhão de palestinos, mais da metade deles refugiados das guerras contra Israel. A maioria não gosta de dar entrevista. A chegada de jornalistas, mesmo que ainda acadêmicas, nem é sempre é bem vinda. Um dos entrevistados nos "convidou" a se retirar do seu estabelecimento. Quem se dispõe a falar impôs condições: nada de fotografias e recusaram a se identificar. Mencionar na conversa Israel, Estados Unidos, George Bush e até mesmo os árabes, desperta reações de raiva, traduzidas com uma avalanche de palavrões ditos numa mistura de português e árabe. Nos sentimos como James Bond, em Missão Impossível.
Enfim a “missão” tornou-se possível
Uma exceção a este comportamento é do comerciante Mohamed Hassad, 87 anos, que desde 1960 é dono uma loja de calçados na Avenida Calógeras (A Casa Santo Antônio). Uma das filhas mora na Cisjordânia, área fora do conflito. Seu Hassad tem um ódio visceral contra Israel e está convencido que o estado judaico ainda vai ser destruído para abrir caminho a criação da nação palestina. Ele relata que veio para o Brasil em 1948, quando foi expulso das suas terras depois da criação do Estado de Israel. Saiu de lá praticamente com a roupa do corpo. Deixou pra traz 17 hectares onde cultiva oliveira para produção do óleo de oliva. O que para os padrões brasileiros é considerado uma chácara, no Oriente Médio era um latifúndio onde um hectare custa em média 200 mil dólares. Mohamed Hassad disse que as novas gerações de descendentes são a esperança dos