Um olhar vygotskiano sobre a surdez
Denielli Kendrick - Professora Especialista em Educação Especial; Pedagoga; Intérprete de Libras/Língua Portuguesa
Esse trabalho apresenta algumas considerações sobre o sujeito surdo, seu desenvolvimento cognitivo e a importância da linguagem nesse processo. Tendo como base teórica os estudos realizados por Vygotsky, que em sua concepção histórico-cultural analisa aspectos tipicamente humanos afirmando que tais aspectos são resultados das interações dialéticas do homem com o meio social. Analisar o surdo nesse contexto proporciona uma discussão relevante especialmente para valorizarmos sua língua e possibilitar um olhar diferenciado sobre sua educação. Os surdos por muito tempo foram considerados pessoas impossibilitadas de serem educadas formalmente, se acreditava que o déficit auditivo causasse retardamento mental. Desse modo, é possível entender porque os surdos passaram anos sendo isolados da sociedade, assistidos em hospitais psiquiátricos, asilos e mais tarde em escolas especiais. Pouco se estudava sobre o desenvolvimento cognitivo do surdo, mas uma figura se destacou nesse sentido: Vygotsky. Nos seus estudos em Defectologia, onde trata sobre as questões da educação especial, relata que a educação e o desenvolvimento do sujeito surdo são as questões mais complexas da pedagogia especial, pois em sua grande maioria os surdos não desenvolvem a linguagem em sua forma oral. Sabe-se que a linguagem foi uma preocupação nos estudos de Vygotsky, estudou-a e a deu um lugar de destaque em sua teoria, abordando-a em seu aspecto funcional e psicológico, entendendo a linguagem como constituinte do sujeito. A linguagem corresponde ainda a uma das habilidades especiais e significativas dos seres humanos. De acordo com Rego (1995), Vygotsky afirma que a conquista da linguagem é um marco no desenvolvimento do ser humano, onde a linguagem expressa o pensamento e organiza-o. Por isso a