um olhar sobre o delinquente
No tópico “o prazer na dor do outro” observamos que vários fenômenos contribuem para que a dor do outro seja percebida. Um deles se relaciona com a percepção; ela oculta-se no colorido geral dos acontecimentos. Outro fenômeno, também ligado à percepção, diz respeito à habitualidade, que banaliza os eventos costumeiros. Muitas situações, entretanto, relacionam-se com fenômenos emocionais complexos, como aquelas em que o individuo agride para fazer sofrer. O prazer na dor do outro pode, também refletir uma característica de personalidade antissocial, em que o individuo agride a sociedade, representada pelo objeto de raiva; o agredido não passa de coisa; o prazer de agredir contrabalança a frustração de não poder destruir; eventualmente, chega à fatalidade. Não se deve desprezar, também, dois tipos de fenômenos que se encontram associados a tais comportamentos: o condicionamento e a observação de modelos. O condicionamento deriva da exposição a situações similares desde a infância, que ensinaram o individuo a obter vantagens a partir de comportamentos de agressão. O condicionamento também ocorre quando o sistema familiar se relaciona de modo a privilegiar a dinâmica da repressão. O prazer – ocasionar dor – encontra-se presente em inúmeros comportamentos ligados ao ato de delinquir; outros há, entretanto, que também concorrem para ele.
O capítulo “O gozo na violência” distingue-se da situação anterior pelo fato de o indivíduo experimentar prazer com a violência em si, ainda que ela não necessariamente resulte em dor de outras pessoas e o indivíduo nem mesmo se interesse, caso ela ocorra, em avaliar