Um olhar sobre a literatura nos jornais
A linha de cultura se quebrou e com ela também a ordem temporal sucessiva. A simultaneidade e a miscelânea ganharam partida: os canais se intercambiam, as manifestações cultas, as populares e as de massas dialogam e não o fazem em, regime de sucessão, porém sob a forma de um improvisado cruzamento, que acaba por torná-las inextricáveis.
V. Sanches Biosca.
O des-centramento cultural verificado na atual pós-modernidade como exposto na epigrafe utilizada neste ensaio nos permite compreender o entrelaçar da literatura e o cinema, a literatura e as artes, a literatura e o teatro e com o nosso objeto de estudo a literatura e as mídias. Nossas considerações, no decorrer do texto, se pautam especificamente na relação da literatura nos jornais.
Seria uma discrepância considerarmos que apesar dos altos índices de analfabetismo as mídias continuem a acreditar no peso imposto pelos livros em nossos dias. Isso porque, em pleno século XXI ainda existe uma grande massa a ser alfabetizada, gente que participa do mercado de trabalho, mas é incapaz de inferir sentido ao que está sendo lido. Nesse cenário é que se destaca a presença do livro em nosso cotidiano, imbricado na ideologia da pós-modernidade esse des-ordenamento cultural permite o diálogo, o cruzamento entre canais provocando uma miscelânea, uma hibridização entre os diferentes meios de se comunicar.
As mídias despontam como canais responsáveis por grande parte dos conteúdos que influenciam o comportamento e as atitudes do público, torna-se inegável que estas são instituições de forte concentração de prestigio e de potência política. No entendimento de Alberto Dines o jornal é o mais legitimo e duradouro veiculo impresso depois do livro e foi o meio que condicionou o ser humano contemporâneo a um processo de saber.1 Embora os estudos do professor Bernardo Kucinski da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo apontem os baixos índices de circulação de