Um inconsciente tomado por coragem e humildade
Resumo
Não é novidade para quem já foi arrebatado por essa arte chamada Psicanálise, perceber no maior intérprete de sonhos, dos últimos tempos, características que o fizeram vezes vaiado, vezes ovacionado.
Este artigo tem por finalidade desvelar essas mesmas características especificamente nesta ponte entre A Interpretação Dos Sonhos (1899) e os Três
Ensaios sobre a Sexualidade (1905) que é o Caso Dora (Freud, 1905), escrito entre outubro e dezembro de 1900, mostrando como deve ser o fazer psicanalítico através dos exemplos dele, que é considerado o pai da ciência do inconsciente. Palavras-chave: Freud, Psicanálise, Histeria, Dora.
Um inconsciente tomado por coragem e humildade
Freud nos deixa claro em suas notas preliminares do Fragmento Da Análise De
Um Caso De Histeria(1905[1901]) seu incômodo em ter de publicar os resultados de suas investigações sem que seus colegas tivessem a possibilidade testá-los e verifica-los.
Como já conhecia seus críticos e que muito provavelmente achariam incompleto todo o trabalho desenvolvido naqueles três meses, escreveu para eles e mais uma vez com a maestria que exercia sobre as palavras, explanou com notável consideração aqueles que por ventura tomassem a posição de avaliadores.
Mostra ainda sua preocupação com as gerações futuras quando diz que em sua opinião o médico assume deveres não só em relação a cada paciente, mas também em relação à ciência; seus deveres para com a ciência, em última análise, não significam outra coisa senão seus deveres para com os muitos outros pacientes que sofrem ou sofrerão um dia do mesmo mal. Justificando assim sua atitude de publicar a análise do caso, de tal forma que a paciente não pudesse ser exposta de nenhuma maneira, mostrando assim sua ética inabalável. Escreve também aqueles leitores ditos, pudicos, interrogando com leve sarcasmo se deveria defender-se de possíveis censuras por discutir com toda