Um exemplo de presença universitária: a teologia em diálogo com a ciência da religião
A TEOLOGIA EM DIÁLOGO COM A CIÊNCIA DA RELIGIÃO
Afonso Maria Ligorio Soares
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Teologia e Ciência da Religião têm mantido relações nem sempre harmônicas desde que a última se impôs na academia. Após perder sua antiga ancilla (Filosofia), a Teologia vê- se agora desafiada a disputar espaço no espectro multidisciplinar da Ciência da Religião. Mas será esse seu lugar de direito? Muitos mal-entendidos campeiam essa difícil relação. Por isso, antes de ensaiar possíveis soluções à questão, penso ser prudente delimitar adequadamente os vários ângulos dessa abordagem.
Difíceis consensos
A 6 de novembro de 1998, o Conselho Federal de Educação emitiu, finalmente, um parecer positivo ao reconhecimento das faculdades de teologia existentes no país. A primeira instituição a se beneficiar dele foi a Faculdade de Teologia de São Leopoldo-RS.
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A nota interessante da decisão são as três razões alegadas pelos pareceristas para justificar seu voto a favor: a) porque a teologia já faz parte da cultura brasileira; b) porque seria um contra-senso não reconhecer aqui títulos acadêmicos que são reconhecidos no exterior; c) porque o recente processo de regulamentação do ensino religioso exigirá um grande número de professores: e quem os formará – pergunta-se o perito do MEC – senão as
Faculdades de Teologia?
Nossos conselheiros nem se deram conta na ocasião, mas, graças à terceira razão alegada, acabavam de deitar lenha numa fogueira que já vai se tornando secular: o confronto/diálogo entre teologia e ciências da religião. Afinal, a teologia não é um discurso tipicamente confessional? Como pode, então, formar docentes para o ensino religioso se este, por princípio, é uma área de conhecimento não vinculada a nenhuma instituição religiosa? A questão somente se resolve se a confessionalidade for totalmente desvinculada do que normalmente chamamos de teologia. Mas se