Um Discurso sobre as Ciências
“[...] Quando, ao procurarmos analisar a situação presente das ciências no seu conjunto, olhamos para o passado, a primeira imagem é talvez a de que os progressos científicos dos últimos trinta anos são de tal ordem dramáticos que os séculos que nos precederam [...] não são mais que uma pré-história longínqua. [...]” (p. 01)
“[...] é necessário voltar às coisas simples, à capacidade de formular perguntas simples, perguntas que, como Einstein costumava dizer, só uma criança pode fazer mas que, depois de feitas, são capazes de trazer uma luz nova à nossa perplexidade. [...]” (p.01)
“[...] As condições epistémicas das nossas perguntas estão inseridas no avesso dos conceitos quo utilizamos para lhes dar resposta. [...]” (p. 02)
O PARADIGMA DOMINANTE
“[...] A nova racionalidade científica é também um modelo totalitário, na medida em que nega o caráter racional a todas as formas de conhecimento que se não pautarem pelos seus princípios epistemológicos e pelas suas regras metodológicas. [...]” (p. 03)
“[...] Cientes de que o que os separa do saber aristotélico e medieval ainda dominante não é apenas nem tanto uma melhor observação dos factos como sobretudo uma nova visão do mundo e da vida, os protagonistas do novo paradigma conduzem urna luta apaixonada contra todas as formas de dogmatismo e de autoridade. [...]” (p. 03)
“[...] Ao contrário da ciência aristotélica, a ciência moderna desconfia sistematicamente das evidências da nossa experiência imediata. Tais evidências, que estão na base do conhecimento vulgar, são ilusórias. [...]” (p. 04)
“[...] As ideias que presidem à observação e à experimentação são as ideias claras e simples a partir das quais se pode ascender a um conhecimento mais profundo e rigoroso da natureza. Essas ideias são as ideias matemáticas. [...]” (p. 04) “[...] Em primeiro lugar, conhecer significa quantificar. O rigor científico