Um conto sobre proteção auditiva
- Ilustração: Beto Soares/Estúdio Boom
- Guto Velhada, com a colaboração do leitor Christian Camilo Andreuccetti / Edição 214-Outubro 2009
Um dos agentes ambientais mais presentes no ambiente de trabalho é o ruído. Ele pode produzir desde uma perda auditiva, até efeitos somáticos (contração de vasos sanguíneos), químicos (surgimento de gastrite) e psicológicos (insônia, irritação) nos trabalhadores. Para sanar esse problema, a medida de controle ideal é a coletiva, como, por exemplo, o enclausuramento de máquinas com absorventes sonoros. No entanto, o mais comum é o uso de Proteção Auditiva, que exige do usuário um treinamento específico sobre sua utilização.
Há dez anos na cidade de Jundiaí/SP, mais especificamente em uma fábrica de rolhas e revestimento de cortiça, houve um fato ligado à proteção auditiva. A empresa estava contratando novos funcionários e um deles era uma pessoa muito simples, humilde, natural do norte do Brasil, que só havia trabalhado na zona rural. Em virtude disso, o rapaz não fazia ideia do quer era uma empresa, linha de produção, normas de Segurança do Trabalho. Mesmo passando pela integração, não estava claro para ele o contexto em que estava inserido.
Paralelo a isso, surgia um novo profissional do SESMT dentro da empresa. Era um estagiário de Segurança do Trabalho, alocado do Setor de Pessoal, que estava vivamente interessado pela prevenção. Os dois personagens se encontraram na integração. O estagiário repassou todas as informações de riscos nos locais de trabalho, as medidas de proteção e, por fim, entregou aos funcionários dois uniformes e os EPIs, que incluíam um protetor auricular tipo inserção.
Passadas duas semanas, o gerente de produção caminhava pela fábrica para verificar o andamento da produção quando um funcionário (o ex-trabalhador rural) lhe chamou a atenção. Ele então o conduziu ao RH.
Chegando lá, o gerente falou para o estagiário de SST:
- Olhe para esse cidadão. O que