Um breve resumo sobre a abertura na ditadura

Abertura política na ditadura é um monte de coisas, e para conversarmos sobre isso é necessário entender antes a própria ditadura, os mecanismos de repressão e, por outro lado, a resistência democrática. Não sei exatamente do que você precisa, é um assunto muito amplo que tem a ver com a pressão popular pela redemocratização (Passeata dos Cem Mil, luta de guerrilha, pressão na imprensa - em jornais como O Pasquim -, pressão por parte da Ordem dos Advogados do Brasil e também por setores progressistas da Igreja, a chamada Teologia da Libertação), tem a ver com a denúncia das violações de direitos humanos, torturas, assassinatos e desaparecimentos políticos (tanto no Brasil quanto lá fora) e com a luta pelo fim da censura e pela liberdade de imprensa também. Além disso, a ditadura estava muito desgastada porque o chamado "Milagre Brasileiro" (o enorme crescimento econômico que o Brasil verificou no início dos anos 1970) chegava ao fim e se instalava, em seu lugar, uma grande recessão, que marca todos os anos 1980, a chamada "década perdida". Então, os militares, a partir do governo Geisel e sobretudo no governo Figueiredo, começaram um processo de abertura política (não porque quisessem, mas porque não havia outra saída) e veio a anistia em 1979, ou seja, os presos políticos foram soltos e os exilados puderam voltar ao Brasil. Mas a lei foi uma "faca de dois gumes", porque os torturadores também foram anistiados e não foram presos. Para o ano de 1985, foi eleito o primeiro presidente civil, "encerrando" a ditadura. Mas a eleição foi indireta, ou seja, não foi o povo que votou diretamente, mas um colégio eleitoral formado por deputados. Quem foi eleito foi Tancredo Neves, que morreu antes de assumir. Foi empossado, no lugar dele, o vice José Sarney, um sujeito do Maranhão com intenso envolvimento com a própria ditadura militar. Como podemos ver, a abertura não foi exatamente o que havia de mais democrático, mas aos poucos a chamada Nova República foi se construindo.