Ulpiano menezes - história cativa da memória
Francis Bacon, Essays, LVIII
Desde tempos que a escapam, o ser humano se viu como prisioneiro de sua memória. O presente é efêmero, vapor ao vento; o futuro incerto, incontrolável - tudo que o homem de fato experiencia, o faz no passado, na sua mente, através dela. Não é acaso que os gregos nomearam a nascente do Styx, rio pelo qual as almas atravessavam para chegar à Hades, “lethe”, ou seja, esquecimento; não por coincidência que “verdade” era a “aletheia”, o “não-esquecimento”. A memória e sua preservação sempre foram fatores de propulsão da ação humana, ser tão encantado por suas próprias limitações. Menezes, completamente ciente disso, escreve seu artigo visando exatamente delimitar a forma da memória, sua natureza e sua relação com o agora. O enfoque principal é delimitar as diferenças existentes entre a História e a memória, para tal, Ulpiano selecionou cinco problemas-chaves: A resgatabilidade da memória: A memória é constantemente tratada como algo fadado ao esquecimento, uma recordação estabelecida e que deve ser constantemente revisitada, resgatada. No entanto, o autor evidencia que a memória está em constante processo de construção e desconstrução e que a subjetividade e heterogeindade presente em cada representação individual torna este resgate impraticável. A memória indivisível: A memória, embora seja um processo individual, necessita de pelo menos duas pessoas para que se reproduza de forma socialmente apreensível. A memória coletiva é um sistema organizado de lembranças, que se respalda em grupos sociais situados no tempo e espaço. Podem coexistir varias memórias coletivas que se relacionam de diversas maneiras. Para o autor como a rememoração é apreendida apenas em conjunto, há a problemática de que não existe maneira de transferir as