Técnologia Doméstica
Implicações para o Brasil
Elizabeth Bortolaia Silva*
* Professora visitante, no Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas. Endereço Permanente: School of Sociology and Social Policy University of Leeds Leeds LS8 2QA - England
INTRODUÇÃO
Trabalho de casa é tradicionalmente trabalho de mulher. Homens têm participado minimamente no trabalho do lar. A minha preocupação neste paper é discutir o desenvolvimento de tecnologias para o trabalho doméstico face aos limites desse padrão tradicional de divisão do trabalho entre os gêneros. Meu enfoque é principalmente teórico e abrange uma discussão aprofundada da literatura contemporânea existente internacionalmente. Na última seção do paper eu considero a aplicabilidade das teorias para o caso brasileiro e questiono como circunstâncias nacionais particulares desafiam a abrangência das teorias discutidas.
Variações significativas no padrão tradicional de divisão do trabalho entre os gêneros têm aparecido mais recentemente, com maior intensidade nos países de industrialização mais avançada. As mudanças históricas de padrão têm sido associadas com o aumento da participação feminina no mercado de trabalho: quando mulheres casadas têm emprego em período integral, as tarefas domésticas são compartilhadas com homens em maior proporção (Gershuny, Godwin e Jones 1994). O maior número de mulheres no mercado de trabalho também tem sido associado historicamente com o desaparecimento de empregadas (e empregados) para o serviço doméstico e o desenvolvimento concomitante de tecnologias para o trabalho doméstico (Glucksmann 1990).
As tecnologias domésticas têm sido classificadas em três grupos principais (Hartmann 1974). Serviços de infraestrutura: água encanada, electricidade, gás, esgoto e coleta de lixo. Eletrodomésticos: