Técnicas Retrospectivas
Este texto nasceu de anotações de aula na FAUUSP nos anos 1968/69 e é um primeiro esboço de “O canteiro e o desenho”. Foi publicado pelo GFAU em 1972, com o nome “A casa popular” (o primeiro subtítulo acabou adotado como título provisório). Apresentamos aqui a versão original, mimeografada em 1969, revista e rebatizada por Sérgio Ferro em 2005.
A CASA POPULAR
A casa operária é entendida como uma exceção aparente ao sistema. O imóvel, aparentemente com valor de uso, faz com que o modo de produção capitalista seja observado através do novo caráter de valor de troca, guiado pelo uso, além do valor de uso social que a propriedade adquire. A produção aparentemente marginal revela um sistema extremamente inclusivo.
Baixa de salários: as consequências são imediatas (a queda do preço da moradia obtida com sacrifício terá como recompensa a queda dos salários, sempre determinados pelo custo menor do absolutamente indispensável à sua manutenção).
As economias feitas seguirão a lógica da baixa de salários reais.
Antagonismo: não pode permanecer sem casa, é levado a construí-la.
Pequeno custo: sem empreiteiro, mão-de-obra, adota materiais rudimentares, sem água, luz, esgoto.
Como consequência da multiplicação da subprodução, associada à deterioração das zonas centrais “modernas”, baixa a cota do salário destinado á moradia. Posteriormente, baixa correspondentemente o salário real do operário, acentuado por um novo gasto: condução.
A MANSÃO
O ato de “fazer a sua casa” entendido como “aplicar capital”. O mínimo indispensável visto anteriormente dá espaço ao acúmulo de elementos supérfluos.
“Aos olhos da comunidade, os homens de prestígio precisam ter atingido um certo padrão convencional de riqueza, embora tal padrão seja de certo modo indefinido [...] Para obter e conservar consideração alheia, não é bastante que o homem tenha simplesmente riqueza ou poder. É preciso que ele patenteie tal riqueza ou poder aos olhos de todos, porque sem