Técnicas de negociação
Crise da GM em São José dos Campos (SP) mostra um outro Brasil
Em São José dos Campos (SP), cidade de 640 mil habitantes no Vale do Paraíba, o capital e o trabalho se estranham. Que o diga M. Macedo, um dos 2 mil metalúrgicos locais cujos empregos estão na corda bamba, um núcleo de crise aguda em meio a bons números e produção em retomada da indústria automobilística brasileira, a despeito da freada brusca do primeiro semestre.
A fabricante reclama do sindicato, que devolve as críticas na mesma medida. E o governo observa à distância.
Turbinado pelo corte dos tributos, julho registrou recorde na venda de veículos no País, 351 mil unidades vendidas, 22% mais que no mesmo mês de 2011. O desempenho que permitiu manter 147 mil vagas abertas no território nacional, 2,9% acima do registrado há um ano, como desejava o governo ao optar pela desoneração do setor. Na troca de turno da fábrica da General Motors em São José dos Campos, esses números não empolgam e o clima lembra o período recessivo dos anos 1980.
A produção do Classic caiu pela metade na quarta-feira 1º, linha que sustentava os empregos após o fim recente da fabricação de outros modelos igualmente “velhinhos” da montadora, Meriva, Zafira e Corsa. Macedo, que prefere não revelar seu nome completo, fora transferido na segunda-feira 30 da montagem para o CDK, área que prepara os veículos desmontados a serem finalizados e vendidos em outros países. O destino, no caso, é a cidade de Rosário, na Argentina, onde a GM injetou no ano passado 150 milhões de dólares para produzir mais veículos Classic.
Macedo se lembra bem das palavras escolhidas há 17 anos na entrevista de emprego para justificar seu desejo de trabalhar na GM: “Sei que aqui gratificam bem o trabalhador. Como acabei de me casar, quero comprar um lote, construir minha casa”. O espírito era o de vestir a camisa da