Tudo é Óbvio
O livro está dividido em duas partes — a primeira denominada “O senso comum”, desdobram-se seis capítulos. Na segunda parte “O senso incomum”, encontramos quatro capítulos.
Duncan põe em xeque as explicações de sucesso que normalmente são consideradas plausíveis do ponto de vista do senso comum. A desconstrução é o motor do seu pensamento, ao qual desenvolve numa longa e intrincada lista de conceitos e termos muito usados nas análises e prognósticos do mercado.
Logo no início do livro situa-se os leitores quanto à função da sociologia e do seu papel de ser uma ciência que foge ao senso comum — senso comum que se revela no pensamento de que qualquer pessoa inteligente, por si só, saberia desdobrar questões relativas à sociedade, independente de ser um cientista social. O problema é que quando se lança mão de falácias e crenças socialmente aceitas para explicar o mundo, pode-se até dar sentido a ele, mas ao mesmo tempo compromete-se a habilidade de compreendê-lo na realidade. Dessa maneira, “pensar como um sociólogo” é duvidar dos próprios instintos e de como as coisas funcionam – é uma tarefa de desconstrução que o autor chama de “desaprender”.
O senso comum — comportamentos socialmente aceitáveis, aos quais adquirimos ao longo de nossas vivências e os internalizamos. Traduzem-se na forma de regras, práticas e ideias, tornando-se tão automáticos que nem nos damos conta que os praticamos. Simplesmente não os questionamos. Duncan reconhece o valor desses procedimentos no nosso dia a dia, pois são eles que nos dizem o que vestir, como nos comportar na rua ou no metrô e até mesmo como podemos nos relacionar de maneira harmoniosa com amigos e colegas. O problema é que o senso comum não gera reflexão sobre o mundo, mas