Tudo estava combinado...

À noite eu crescia, crescia como pessoa, como homem, como qualquer coisa. Crescia escrevendo, crescia ouvindo música. Nada melhor que sentir o êxtase de uma boa vibração. Melodias em perfeita concordância, simples em sua perfeição. Ascendem à nossa alma, ecoam para todos os lados, deformam o ambiente de forma pragmática. Mas como são burocráticas! Tornam os sentidos uma máquina. Tudo pronto, pode ligar. Ligado. O que pode dar errado? Nada pode fugir do combinado. Está tudo armado! Normas pré-definidas já foram colocadas em prática. Não as desobedeçam! Eles gritam. Desobedecer o que? Faça você! Respondem. Os músculos são os primeiros. Imóveis. Não há reação. Entra primeiro o teclado. Com sua simplicidade surpreende qualquer um, ninguém nunca espera nada de seu corpo sem braços. O orgão chega. Robusto, com seus passos pesados. Derrubando pessoas a cem metros de distância, um recorde a ser batido. Não havia tempo perdido, vilarejos são abatidos, os moradores são cuspidos. Caem e espalham toda a palha. Cortados para fora de seu cotidiano como uma navalha. Merda, quem é que guarda essa muralha? Elas são tomadas. Soldados de vastados. Não houve piedade enquanto descançavam em suas camas de campanha. A maioria já se encontrava parado, não havia porque ter lutado, tudo já fora combinado... Agora são os sentidos. Já temos a base. Entra agora a guitarra. Com seus riffs em perfeita sincronia, não há quem os parem. Treinam com tanto empenho que seria uma vergonha não ganharem. Se bem executados, derrubam bosques. Se bem ouvidos, silenciam vozes. Mas não foi fácil, quem disse que seria? Desta vez houve reação. É estranho. Campanários se misturam, se tornam apenas um. Não há controle. Uma anarquia só. Ninguém fica parado. Todos se dedicam ao máximo. A pé ou mesmo voando, uma metamorfose ambulante. É preciso pedidos de reforços. Se consegue ouvir os pedidos de clemência. Eles se rendem. Tudo se acalma, estão todos controlados, tudo estava combinado... Vez da mente. Não adianta