Tucker - um homem e seu sonho
Nos Estados Unidos do início dos anos 50, Preston Tucker inventa um protótipo revolucionário de automóvel. Ele constrói apenas setenta exemplares, impedido em seguida no seu ímpeto pelas grandes companhias americanas (Ford, General Motors, etc.) que conjugarão suas potências a fim de arruinar moralmente e financeiramente o império nascente do genial capitão da indústria.
Este filme é assinado por um nome prestigioso, uma das glórias do cinema mundial. O que terá acontecido a Francis Ford Coppola? Não há sequer um filme. Formas e cores destituídas de qualquer realidade se agitam sobre a tela. Nenhum senso de espaço, nem a menor noção temporal perceptível, personagens inexistentes, vagas figuras estereotipadas, negligenciadas em detrimento de uma virtuosidade cinematográfica sem a menor necessidade. Não há trégua nos movimentos de câmera que rapidamente produzem uma agitação vã, vazia e exasperante. Buscamos um instante de verdade humana, uma parcela de emoção, um sentimento verdadeiro nessa efervescência idiota e perfeitamente estéril que o filme impõe ininterruptamente. Por qual propósito secreto Coppola recopia sem descanso os grandes modelos hollywoodianos com os métodos e a técnica do cinema publicitário mais retórico? Como um homem tão fino e lúcido pode a tal ponto se desviar e utilizar da maneira mais aberrante os métodos que pretendia denunciar? Como pode admitir essa glorificação da livre empresa enquanto sua crítica e o olhar moral lançado sobre os seus danos são precisamente - ou deveriam ser - o fundamento e a única necessidade deste