Trovadorismo
Trovadorismo - poesia: Cantigas de amor, de amigo e de escárnio e maldizer
A experiência mais criativa e fecunda do Trovadorismo - e, portanto, dos primórdios da literatura portuguesa - encontra-se na poesia trovadoresca (e não na prosa, que é tratada num artigo à parte: veja aqui). De um lirismo estranho, quando comparados, por exemplo, à poesia moderna, os poemas dos trovadores podem parecer ultrapassados àqueles que fizerem uma leitura desatenta, superficial.
Massaud Moisés diz bem quando salienta que a poesia trovadoresca "exige do leitor de nossos dias um esforço de adaptação e um conhecimento adequado das condições históricas em que a mesma se desenvolveu, sob pena de tornar-se insensível à beleza e à pureza natural que marcam essa poesia".
Para conhecer as origens da lírica trovadoresca, devemos recordar que, a partir do século 11, e durante todo o século 12, a região da Provença, no sul da França, produziu trovadores e jograis que acabaram se espalhando por vários países da Europa. A influência da poesia provençal chega, inclusive, aos nossos dias. Esses provençais se misturariam aos jograis e menestréis galego-portugueses, dando origem às cantigas que veremos a seguir.
É também da Provença que vem o substantivo "trovador", pois lá o poeta era chamado "troubadour" (enquanto que, no norte da França, recebia o nome de "trouvère"). Nos dois casos, o radical da palavra é o mesmo, referindo-se a "trouver", ou seja, "achar". Os poetas eram aqueles que "achavam" os versos, adequando-os às melodias e formando os cantares ou cantigas.
Para fins didáticos, divide-se a lírica trovadoresca em:
1. Cantigas de amor: o trovador confessa, de maneira dolorosa, a sua angústia, nascida do amor que não encontra receptividade. O "eu lírico" desses poemas se revela, às vezes, na forma de um apelo repetitivo, no qual não há erotismo, mas amor transcendente, idealizado. Como exemplo, vejamos esta cantiga de Pero Garcia Burgalês:
Ai eu coitad! E por que vi a dona