Trovadorismo - Manuel Bandeira
Carollina Tonini Mazzoni
CRM: 14119773
Analisando o poema, ele retrata o lamento do eu-trovador diante da inacessibilidade da “donzela”, que se recusa a deixar sua aia:
Donzela, deixa tua aia,
Tem pena de meu penar.
Já das assombrosas raia
O clarão dilucular,
E o meu olhar se desmaia
Transido de te buscar.
A “aia”, nesse caso, incorpora não só o valor de serventia fornecido pela criada, a dama de companhia da “donzela”, mas o ambiente recluso em que vive a “donzela” bandeiriana.
O Eu- trovador tenta convencer a “donzela” da ineficiência de sua postura diante da relação amorosa:
Castelã donosa e gaia,
Acode ao meu suspirar
Antes que a luz se me esvaia...
Tem pena do meu penar.
Quando o eu-trovador retrata seu sofrimento amoroso, a coita alia essa dor à morte, assim como os poetas medievais.
A noção de sofrimento amoroso, teve sua origem na Provença em virtude do culto ao mito do amor cortês. Funcionava como elemento a serviço da ascese: um desejo de eliminar a veiculação do corpo com aquilo que ele tem de físico.
Ao enunciar “Acode ao meu suspirar antes que a luz se me esvaia...”, o eu associa não-concretização amorosa, não há um modo de prolongar a dor de amor em benefício da ascese tipicamente medieval, mas a algo negativo, que transforma o desejo numa aspiração indefinida, desviando o instinto de seu fim natural.
Essa negação daquilo que é da própria natureza do ser humano, o contato físico, revela uma necessidade de reintegração com o uno.
A negação do sofrimento amoroso nesse poema, de certa forma, acaba por gerar outra dor, a dor nascida na tentativa de destruir essa concepção de amor que valoriza a coita.
A inacessibilidade da “donzela”, por causa