Trindade
O objetivo deste capítulo é fazer uma reflexão, tendo como base a teoria da iluminação em Santo Agostinho a respeito da participação da Trindade no ato da criação e, desta maneira entender como o amor é iluminado no homem, bem como qual a causa primeira que o permite amar, e se há alguma dependência para que ele realmente ame.
Agostinho em outro momento já discute sobre a existência de Deus, entretanto não é o ponto central dessa reflexão, pois no todo, o objetivo do trabalho é a discussão a cerca do amor, por isso, partiremos do ponto de que Deus existe.
O amor não é adquirido ao longo do tempo, mas já existe no íntimo humano de maneira inata, entretanto, ao longo da sua existência ele se percebe como um ser que ama, escolhendo, amar ou não, desse modo o amor é uma questão de escolha, além de que não necessariamente precisamos de um objeto para amar, pois é possível amar sem a existência dele.
1.1 - “No Princípio era o Verbo”
Em seu Comentário ao Gênesis, Agostinho retoma a forte tradição cristã já existente em sua época da qual estabelece a dependência ontológica de todas as criaturas para com aquele que as criou, essa tradição atribui a Deus como o criador de todas as coisas. Toda a criação foi feita a partir do nada, ou seja, apenas Deus existia na eternidade: “No princípio Deus criou o céu e a terra”¹ (Gn1,1), logo o ato de “criar” de Deus foi o que deu origem a tudo, antes desse ato, nada existia além Dele mesmo em sua onipotência. As criaturas foram posteriormente feitas pelo ato de livre vontade divina, mas por que Deus fez as criaturas? – simplesmente porque ele quis, já que sua livre vontade tem a autonomia de não depender de nada para existir, com efeito não nos cabe compreende-la em si, mas compreender aquilo que ela cria. E por que as criaturas foram feitas do nada? Porque caso elas não fossem feitas do nada, seriam da mesma substância que o criador, já que apenas Ele existia, desta maneira seriam consubstanciais a Ele. Como no