Tricotomia dos signos de pierce
2.1. A primeira tricotomia do signo
A primeira tricotomia é aquela em que o signo funciona com referência ao meio e está dividida sequencialmente em três partes chamadas por Peirce de qualisigno, sinsigno e legisigno.
O qualisigno (qualidade) num primeiro nível, refere-se aos aspectos qualitativos do signo. Cada estado material do signo ou cada fenómeno, que nele tem a função de apresentar um carácter, é um qualisigno. Quando mudamos a dimensão, a cor, o volume de um dado signo, o qualisigno nunca é o mesmo, o que podemos deduzir que com a mudança de um qualisigno, o signo sofre alterações e passa a ser um signo novo, ou seja, semelhante ao primeiro e não ele mesmo. O qualisigno possui aspectos sensoriais, pois pode ser percebido gustativa, olfactiva, táctil, auditiva e visualmente. Para tornar mais claro, tomemos como exemplo as maças: uma maçã vermelha é aparentemente cheia de viço(a) sendo um fruto próprio para o consumo; já a mesma maçã murcha e de tonalidade escurecida não deixa de ser maçã, mas é uma maçã podre e imprópria para o consumo. Este fenómeno pode ser percebido olfactiva e visualmente.
O sinsigno (singularidade) num segundo nível, é qualquer coisa que se apresente diante de você como existente único, material, aqui e agora ou seja, está relacionado com a permanência do signo no espaço e no tempo. Isto porque qualquer existente real e concreto está conectado ao universo do qual ele faz parte. É o seu caráter físico-existencial que aponta para as outras coisas. Por exemplo, determinada tecla ‘G’ de determinado computador de determinada marca é um sinsigno, ainda que existam milhares de computadores iguais na qual essa tecla aparece.
O legisigno (lei) num terceiro nível é o signo empregado consoante as normas que o regem. Trata-se da convenção do signo num dado tempo e espaço. O seu caráter aparece quando, em si mesmo, o signo é de lei. Isto porque, ao ser representado, é portador de uma lei que, por convenção ou pacto coletivo,